Paulo Picchetti, diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, afirmou que, em um cenário de incertezas extremas, o Comitê de Política Monetária (Copom) evita dar sinais claros ao mercado sobre o rumo da taxa Selic. Durante o XI Seminário de Política Monetária do Ibre/FGV, no Rio de Janeiro, ele destacou que as rápidas mudanças no ambiente econômico e institucional dificultam projeções robustas, levando a decisões baseadas em informações que surgem entre as reuniões do Copom. Picchetti ressaltou que até mesmo os membros do comitê não têm convicção sobre os próximos passos, dada a volatilidade atual.
Em sua fala, o diretor sugeriu que “incerteza” pode ser a palavra de 2025, citando como exemplo as tensões institucionais nos Estados Unidos, onde o presidente questionou a autonomia do Federal Reserve (Fed). Picchetti lembrou que medidas do governo norte-americano impactaram até mesmo títulos considerados seguros, afetando o preço de ativos globalmente. Ele também mencionou retrocessos no comércio internacional, que contrariam princípios econômicos consolidados desde o século XIX.
Picchetti comparou o momento atual a eventos raros e imprevisíveis, como o 11 de setembro, que desafiam a formulação de políticas econômicas. Segundo ele, a falta de dados históricos similares exige que os formuladores equilibrem gradualismo e medidas mais drásticas, dependendo do ciclo econômico. O diretor enfatizou a dificuldade de tomar decisões em um ambiente onde até mesmo instituições antes estáveis estão sob pressão, criando um cenário sem precedentes para a política monetária.