O presidente do STF, Roberto Barroso, destacou os impactos ambíguos da revolução digital durante a abertura de um encontro de cortes constitucionais da América Latina. Ele reconheceu que, embora a digitalização tenha democratizado o acesso à informação e ao espaço público, também facilitou a disseminação de desinformação, discursos de ódio e teorias conspiratórias. Barroso afirmou que os tribunais superiores devem equilibrar a liberdade de expressão com a necessidade de evitar que a sociedade mergulhe em um ambiente marcado pela incivilidade e pela polarização.
Entre as consequências negativas citadas estão a “tribalização da vida”, impulsionada por algoritmos que reforçam visões de mundo pré-existentes, e a crise no modelo de negócios da imprensa tradicional. Barroso ressaltou que, antes, a mídia era um espaço de fatos compartilhados, enquanto hoje as narrativas individuais e as “tribos informacionais” fragmentam a percepção da realidade. A migração da publicidade para o ambiente digital foi apontada como um dos fatores que enfraqueceram o jornalismo tradicional.
O evento reuniu representantes de 11 países para debater temas como segurança pública, crime organizado e o uso de tecnologia no Judiciário. Barroso citou iniciativas do STF, como o Plano Pena Justa e a ADPF das Favelas, como exemplos de combate à violência institucional. Ele também destacou avanços na digitalização do tribunal, incluindo sessões virtuais e processos eletrônicos, como formas de modernizar a Justiça. A violência foi apontada como uma das maiores preocupações dos brasileiros, exigindo ações coordenadas em toda a América Latina.