A deputada federal Rejane (PCdoB-RJ), mulher negra em seu primeiro mandato, relatou enfrentar constantes situações de invisibilidade e questionamentos sobre sua identidade na Câmara dos Deputados. Em um desabafo no plenário, ela destacou ser repetidamente barrada por seguranças, mesmo portando o broche de identificação, e criticou a falta de acolhimento dos colegas. A parlamentar, que assumiu o cargo em fevereiro após a saída do titular, descreveu episódios de hostilidade em diversos espaços do Congresso, como elevadores e comissões, e afirmou que a experiência a levou a chorar de frustração.
Apesar de ter recebido algum apoio de colegas, Rejane lamentou a resposta tímida da maioria e a declaração de uma deputada que minimizou o ocorrido, argumentando que nem todos os parlamentares são conhecidos. Ela comparou a situação com experiências anteriores de racismo na Assembleia Legislativa do Rio, mas ressaltou que, na Câmara Federal, o questionamento de seu cargo por funcionários é inédito e especialmente constrangedor. A deputada citou um episódio marcante em que recebeu solidariedade de outras parlamentares negras após sofrer injúria racial, destacando a importância do apoio em meio às adversidades.
Diante dos relatos, Rejane cobrou melhor treinamento para os funcionários da Câmara e campanhas de conscientização para combater a discriminação. Ela afirmou que, apesar da dor, não permitirá que as situações a afetem permanentemente e seguirá focada em lutar por direitos de negros, LGBTs, mulheres e profissionais da enfermagem. A parlamentar enfatizou a necessidade de mudança cultural para que casos como o seu não se repitam.