O rápido avanço da degradação na Amazônia brasileira, impulsionado principalmente por incêndios, tem ofuscado a significativa redução do desmatamento entre 2022 e 2024. Segundo estudo publicado na revista *Global Change Biology* por pesquisadores do Inpe, USP e instituições internacionais, os alertas de degradação aumentaram 44% em 2024 em relação ao ano anterior, atingindo 25.023 km² de floresta – área maior que Sergipe. Enquanto isso, o desmatamento caiu 54,2%, alcançando o menor patial em uma década. A degradação, mais difícil de monitorar por ocorrer em florestas ainda em pé, compromete a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos, como o sequestro de carbono e a regulação hídrica.
A seca extrema na Amazônia entre 2023 e 2024, com déficit de chuvas e temperaturas 3 °C acima da média, agravou os incêndios, que responderam por 66% da degradação. O bioma registrou o maior número de focos de calor desde 2007, totalizando 140.328. Os cientistas destacam que tecnologias de satélite agora permitem detectar esses processos, essenciais para políticas públicas e relatórios de emissões de carbono. O Brasil, que sediará a COP30 em 2025, assumiu metas ambiciosas, como reduzir em até 67% as emissões líquidas até 2035, mas a degradação florestal pode comprometer esses objetivos.
O artigo propõe medidas como melhor manejo de incêndios, restauração em larga escala e integração com mercados de carbono para incentivar práticas sustentáveis. Também aponta desafios, como aprimorar a quantificação da degradação e responsabilizar os agentes envolvidos. Com cerca de 40% das florestas já afetadas por degradação, as emissões anuais desse processo podem superar as do desmatamento, destacando a urgência de ações eficazes para preservar a Amazônia e cumprir os compromissos climáticos globais.