Um decreto assinado em 20 de janeiro pelo então presidente dos EUA congelou mais de US$ 268 milhões em financiamento para organizações de mídia independente em todo o mundo, causando instabilidade no setor. A medida afetou diretamente o OCCRP, uma rede de jornalismo investigativo sem fins lucrativos, que previa receber US$ 6,6 milhões em subsídios de agências norte-americanas em 2025. A organização, responsável por projetos como os Panama Papers, teve parte de seus recursos cancelados ou congelados, levando a demissões e cortes salariais.
A situação gerou um processo judicial movido pela Public Citizen em nome do OCCRP e de outras entidades, questionando a legalidade do decreto. Em fevereiro, um tribunal ordenou a liberação temporária de fundos, e a Suprema Corte manteve a decisão, permitindo que parte do dinheiro fosse repassado. No entanto, a incerteza persistiu, com órgãos governamentais enviando mensagens contraditórias sobre a aprovação ou cancelamento de subsídios. O OCCRP operou com um déficit diário de US$ 25 mil por quase dois meses, reduzindo equipe e programas.
Apesar de doações emergenciais terem ajudado a cobrir parte do rombo, a organização ainda enfrenta desafios para reestruturar suas finanças. O caso destacou os riscos de depender excessivamente de um único financiador, especialmente em um cenário político volátil. Especialistas apontam que a medida representa uma mudança significativa no apoio à mídia global desde o fim da Guerra Fria, com impactos duradouros para o jornalismo investigativo independente.