Um debate inusitado sobre o preço das empanadas ganhou destaque na Argentina após o ator Ricardo Darín criticar o alto custo do produto durante um programa de televisão. Ele mencionou que uma dúzia do salgado custaria 48.000 pesos (cerca de R$ 237), simbolizando as dificuldades econômicas enfrentadas pela população. O ministro da Economia rebateu, afirmando que é possível encontrar empanadas por 16.000 pesos (R$ 79), mas a discussão evidenciou o descontentamento popular com a inflação e a queda no poder de compra.
O governo argentino, liderado pelo presidente Javier Milei, tem implementado medidas de austeridade, como cortes em subsídios e congelamento de salários, para equilibrar as contas públicas. Apesar da redução da inflação — que caiu de 211% em 2023 para 47% em abril deste ano —, a pobreza atinge 38% da população, e aposentados recebem apenas um terço do valor da cesta básica. Uma nova medida que permite o uso de dólares não declarados para consumo também foi questionada por sua efetividade.
A polêmica ilustra os desafios econômicos do país, que recebeu recentemente um empréstimo de US$ 20 bilhões do FMI. Enquanto o governo celebra o controle fiscal, a população enfrenta preços altos e queda no consumo há 15 meses, tornando discussões aparentemente simples, como o custo das empanadas, um termômetro do mal-estar social.