A comunidade indígena warao, originária da Venezuela, enfrenta condições críticas em abrigos superlotados e com infraestrutura precária em João Pessoa, Paraíba. Inicialmente criados como medida emergencial durante a pandemia de Covid-19, os abrigos se tornaram permanentes, acumulando problemas como infiltrações, falta de saneamento e surtos de doenças como leptospirose e dengue. Com uma população crescente de 620 indígenas, muitos deles crianças, a situação revela a falta de políticas públicas eficazes para integrar essa população, que busca melhores condições de vida no Brasil.
Apesar dos esforços de organizações como o Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) e do governo estadual, os abrigos operam acima da capacidade, com recursos insuficientes para atender às necessidades básicas. Lideranças indígenas destacam a inadequação dos espaços urbanos para seu modo de vida tradicional, baseado em atividades rurais como pesca e agricultura. Enquanto isso, crianças continuam morrendo por causas evitáveis, como doenças infecciosas e falta de acesso a cuidados médicos adequados, agravadas pela barreira linguística e cultural.
Autoridades reconhecem a complexidade do problema, mas soluções permanentes, como habitação social ou destinação de terras, ainda não foram implementadas. A Prefeitura de João Pessoa afirma realizar ações pontuais de saúde, mas admite resistência por parte da comunidade warao, que muitas vezes desconhece tratamentos convencionais. O cenário expõe a urgência de políticas intersetoriais que combinem assistência social, saúde e respeito às tradições indígenas para evitar o agravamento da crise humanitária.