Em dez anos, o número de matrículas de estudantes com deficiência na rede municipal de Campinas (SP) dobrou, impulsionado principalmente pelo aumento de alunos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) revelam um crescimento de 1.204% nas matrículas de autistas, que hoje representam 55,1% do público da educação especial na cidade. Enquanto o Brasil registrou um aumento de 134,2% no mesmo período, Campinas superou a média nacional com um crescimento de 553,4%, destacando a pressão sobre a infraestrutura e os recursos disponíveis.
O cenário reflete desafios históricos e estruturais. Segundo especialistas, a inclusão escolar no Brasil evoluiu de modelos segregados para um sistema mais integrado, mas enfrenta problemas como falta de financiamento e formação de professores. Em Campinas, a Secretaria de Educação ampliou o quadro de profissionais e investiu em salas de recursos multifuncionais, porém a demanda ainda supera a oferta. O professor Régis Silva, da Unicamp, alerta para o viés médico no atendimento, que prioriza laudos em detrimento de abordagens pedagógicas, além da precarização de serviços terceirizados.
O Ministério da Educação (MEC) afirma que tem fortalecido políticas inclusivas, com investimentos em formação docente e infraestrutura, mas reconhece a necessidade de ampliar recursos. Em Campinas, a prefeitura destacou a expansão de salas de recursos e serviços de apoio, como cuidadores e transporte adaptado. Apesar dos avanços, o crescimento acelerado das matrículas exige soluções sustentáveis para garantir qualidade no atendimento aos estudantes com deficiência.