O Domo de Araguainha, localizado na divisa entre Mato Grosso e Goiás, é a maior cratera de impacto de meteoro já identificada na América do Sul. Com 40 km de diâmetro e uma área de 1,3 mil km² — maior que a cidade do Rio de Janeiro —, a formação surgiu há cerca de 254 milhões de anos, quando um asteroide de 4 km de diâmetro colidiu com a Terra a uma velocidade de até 16 km por segundo. O impacto, que atingiu uma região antes coberta por um mar raso, provocou terremotos, tsunamis e destruição em um raio de 500 km. Hoje, o local é reconhecido pela Unesco como um dos 100 principais sítios geológicos do mundo.
A confirmação científica de que a estrutura foi causada por um impacto veio após estudos do geólogo Álvaro Crósta, da Unicamp, que identificou minerais deformados, como o zircão, e sinais de metamorfismo de choque — fenômeno exclusivo de colisões meteoríticas. No centro da cratera, rochas antigas do embasamento cristalino foram empurradas para a superfície pela força do impacto. Pesquisas também investigam se a liberação de petróleo e gás natural da Bacia do Paraná, causada pelo choque, pode ter agravado o aquecimento global da época.
Atualmente, o Domo de Araguainha — uma das cinco maiores crateras da América do Sul — atrai cientistas, estudantes e curiosos, com iniciativas para transformá-lo em um parque geológico oficial. Apesar da erosão e da cobertura vegetal do Cerrado, suas formas ainda são visíveis em imagens de satélite. O local é um testemunho impressionante da história geológica do planeta e um importante campo de estudos para entender impactos cósmicos e suas consequências.