A região da Cracolândia, no centro de São Paulo, registrou uma queda vertiginosa no número de usuários de drogas nas últimas semanas, surpreendendo até mesmo o prefeito. A Rua dos Protestantes, que antes abrigava centenas de pessoas confinadas por gradis e um muro, agora aparece praticamente vazia. No entanto, um mapeamento revelou que o problema não foi resolvido, mas sim redistribuído, com novos pontos de concentração surgindo em bairros como Vila Campanela, Tatuapé, Consolação e Brás.
A prefeitura atribui a redução ao trabalho integrado de assistência social, saúde e segurança, além de operações contra o tráfico, como a desarticulação de uma rede na Favela do Moinho. Enquanto autoridades celebram a diminuição do fluxo na região central, organizações não governamentais denunciam aumento da violência nas abordagens, incluindo relatos de agressões e apreensão de pertences pessoais por parte da Guarda Civil Metropolitana.
A dispersão de usuários para outras áreas da cidade não é inédita, repetindo padrões observados em gestões anteriores. Apesar dos avanços nas abordagens e acolhimentos, especialistas alertam que a crise requer soluções estruturais de longo prazo, envolvendo saúde pública, moradia e reinserção social. Enquanto isso, a prefeitura mantém o discurso de que o problema está longe de ser resolvido, mas avança em direção a uma redução mais efetiva do fluxo de drogas na região.