Os sucessivos aumentos nos preços dos alimentos nos últimos meses elevaram as expectativas de inflação entre os consumidores, mas o avanço na renda da população ajudou a evitar um pessimismo maior. Segundo pesquisa do Ibre/FGV, a projeção para os próximos 12 meses caiu de 6,6% em março para 6,4% em abril, após atingir 6,8% em janeiro. Apesar da queda recente, o indicador ainda está acima da taxa de 6,0% registrada em setembro de 2024, quando os alimentos começaram a subir. Atualmente, os preços dos alimentos acumulam oito meses consecutivos de alta.
A pesquisadora do Ibre/FGV sugere que a melhora nas expectativas em abril pode refletir uma reavaliação dos consumidores, que perceberam que a inflação não está em trajetória explosiva, apesar de alguma aceleração. O mercado de trabalho aquecido e o aumento da renda permitiram que as famílias ajustassem seus orçamentos, substituindo itens mais caros por alternativas mais acessíveis. Isso contribuiu para conter um cenário mais pessimista, mesmo com a inflação de alimentos e bebidas acumulando alta de 7,81% em 12 meses, acima do IPCA geral (5,53%).
As expectativas para um prazo mais longo (três anos) também mostraram melhora, recuando de 8,0% em fevereiro para 7,3% em abril. A pesquisadora destaca que a inflação não ter alcançado dois dígitos, especialmente nos alimentos, foi um fator importante para essa calibragem. O cenário sugere que, embora os preços continuem pressionando o orçamento das famílias, a combinação de renda estável e inflação controlada tem evitado uma deterioração mais acentuada do otimismo dos consumidores.