A insegurança alimentar aguda e a desnutrição infantil atingiram níveis alarmantes em 2024, afetando mais de 295 milhões de pessoas em 53 países e territórios, segundo relatório da ONU divulgado nesta sexta-feira (16). O aumento representou uma alta de 5% em relação a 2023, com 22,6% das populações nas regiões mais críticas enfrentando fome em nível de crise ou pior. Conflitos, eventos climáticos extremos e choques econômicos foram apontados como as principais causas, muitas vezes interligadas, agravando a situação em regiões como Gaza, Sudão do Sul e Haiti.
O financiamento humanitário para alimentação sofreu a maior queda projetada desde o início do relatório, com reduções estimadas entre 10% e 45%, o que pode piorar as condições este ano. Cerca de 1,9 milhão de pessoas enfrentaram condições semelhantes à fome, o maior número desde 2016, enquanto a desnutrição infantil atingiu 38 milhões de crianças menores de cinco anos em 26 crises nutricionais. O deslocamento forçado também contribuiu para o agravamento da fome, com 95 milhões de refugiados e deslocados internos vivendo em áreas de crise alimentar.
Apesar do cenário preocupante, houve avanços em 15 países, como Ucrânia e Quênia, onde a insegurança alimentar diminuiu devido a ajuda humanitária, melhores colheitas e redução de conflitos. O relatório destacou a necessidade urgente de ações coordenadas para combater as causas estruturais da fome, especialmente em regiões mais vulneráveis a crises prolongadas.