Há mais de 50 anos, o Saara Ocidental, território árido no noroeste da África, é palco de uma disputa entre o Marrocos e a Frente Polisário, movimento armado apoiado pela Argélia. A região, habitada pelo povo saarauí, foi colonizada pela Espanha até 1975, quando o Marrocos assumiu o controle após a retirada das tropas espanholas. A Frente Polisário, por sua vez, proclamou a República Árabe Saarauí Democrática (RASD), iniciando um conflito que durou até 1991, quando um cessar-fogo foi estabelecido sob mediação da ONU. Um referendo para decidir o futuro do território nunca ocorreu, deixando a questão em suspenso.
A situação humanitária na região é crítica, com cerca de 173 mil refugiados vivendo em campos próximos a Tindouf, na Argélia, segundo a ONU. Dados de 2024 indicam que 88% dos refugiados enfrentam insegurança alimentar, enquanto 11% das crianças sofrem de desnutrição aguda. O conflito, considerado de baixa intensidade desde 2020, permanece instável, com relatos de incidentes entre as forças marroquinas e a Frente Polisário. A ONU alerta para o risco de uma nova escalada, destacando a necessidade de uma solução negociada.
Internacionalmente, a disputa divide opiniões. Enquanto países como os EUA, França e Espanha apoiam o plano marroquino de autonomia limitada, nações como África do Sul, Cuba e México reconhecem a RASD. O Brasil mantém neutralidade, defendendo uma solução pacífica por meio da ONU. Analistas divergem sobre a natureza do conflito: alguns o veem como uma luta legítima pela autodeterminação, enquanto outros argumentam que é uma disputa regional alimentada por rivalidades geopolíticas. A falta de consenso prolonga uma crise que já dura meio século.