Paulo Picchetti, diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, destacou a dificuldade de fornecer sinais claros ao mercado em um cenário de incertezas extremas. Durante o XI Seminário de Política Monetária do Ibre/FGV, ele explicou que os membros do Copom não têm convicção sobre o rumo da taxa Selic, dada a velocidade e a radicalidade das mudanças econômicas e institucionais. Picchetti ressaltou que novas informações surgem entre as reuniões do comitê, exigindo ajustes contínuos nas decisões de política monetária.
O diretor mencionou que a palavra do ano em 2025 poderia ser “incerteza”, refletindo um ambiente global sem precedentes. Ele citou como exemplo as tensões institucionais nos Estados Unidos, onde o presidente questionou a autonomia do Fed, impactando a confiança nos ativos financeiros. Picchetti também abordou os efeitos das medidas do governo americano sobre títulos públicos, tradicionalmente vistos como portos seguros, e criticou retrocessos nas relações comerciais globais, que contrariam princípios consolidados desde o século XIX.
Picchetti enfatizou que eventos extremos, como crises geopolíticas ou ataques terroristas, dificultam projeções robustas para a política monetária. Sem dados históricos suficientes, os formuladores de políticas enfrentam o desafio de equilibrar gradualismo e medidas mais drásticas. Ele concluiu que, nesse contexto, a literatura econômica ainda busca respostas para lidar com trade-offs em meio a um cenário de incertezas estruturais.