O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, pela primeira vez, dados sistematizados sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil, marcando um avanço histórico na compreensão do tema. Segundo o Censo 2022, o país tem 2,4 milhões de pessoas com autismo, o equivalente a 1,2% da população. No Rio Grande do Norte, o diagnóstico atinge 1,1% dos habitantes, com maior prevalência entre meninos de 5 a 9 anos (4,2%). A inclusão dessas informações no censo, prevista em lei desde 2019, coloca o Brasil entre os países que monitoram oficialmente a condição.
A neuropsicóloga Samantha Maranhão, especialista no tema, destaca que os dados são fundamentais para orientar políticas públicas, mas revelam desafios persistentes, como a demora no acesso a atendimento especializado e a queda na escolarização entre adultos com TEA. Ela ressalta que o diagnóstico precoce tem avançado, mas a estruturação de serviços ainda é insuficiente para atender à demanda. Além disso, a disparidade entre gêneros e a queda nos diagnósticos após os 20 anos sugerem subnotificação e invisibilidade social na fase adulta.
O Instituto Santos Dumont, no Rio Grande do Norte, exemplifica iniciativas locais para enfrentar esses desafios, oferecendo atendimento multiprofissional e atividades educativas para famílias. A divulgação dos dados pelo IBGE abre caminho para políticas baseadas em evidências, mas especialistas alertam que é preciso ir além dos números, adaptando ações à realidade brasileira e garantindo suporte em saúde, educação e inclusão social.