O Censo do IBGE destacou que mais de 14 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência, representando 7% da população. Desse total, a maioria apresenta deficiência visual, enquanto mais de 5 milhões enfrentam limitações de mobilidade. Pela primeira vez, o levantamento incluiu dados sobre autismo, revelando que 2,4 milhões de pessoas foram diagnosticadas com transtorno do espectro autista. A pesquisa também apontou que o acesso à educação é um desafio significativo, com muitos abandonando os estudos antes de concluir o ensino fundamental. O analfabetismo entre pessoas com deficiência é quatro vezes maior do que entre aquelas sem deficiência, evidenciando uma grave desigualdade.
A história de Maria Eduarda, uma estudante que usa cadeira de rodas, ilustra as barreiras enfrentadas. Em sua escola anterior, a falta de acessibilidade, como um elevador que frequentemente quebrava, limitava sua mobilidade. Agora, em uma arena adaptada, ela conquistou maior autonomia e sonha em se tornar psicóloga. Seu caso reflete um problema maior: quantos talentos são perdidos devido à falta de estrutura nas escolas? Especialistas afirmam que a solução passa pela capacitação de professores, uso de tecnologias assistivas e estratégias pedagógicas inclusivas, medidas que demandam tempo, mas trazem resultados.
Rodrigo Hübner Mendes, do Instituto Rodrigo Mendes, enfatiza que não há solução mágica, mas sim a necessidade de investimentos contínuos em inclusão. Maria Eduarda, incentivada pela família, acredita que sua deficiência não a impedirá de alcançar seus objetivos, já que muitos trabalhos hoje são realizados sentados. Seu lugar na primeira fila da sala de aula simboliza não apenas uma escolha, mas também a luta por um sistema educacional que acolha a todos. Os dados do Censo servem como um alerta: a inclusão beneficia toda a sociedade, e ignorá-la significa perder potencial humano.