Nana Caymmi, uma das vozes mais elegantes da música brasileira, faleceu nesta quinta-feira aos 84 anos, vítima de complicações cardíacas. Ela estava internada há nove meses no Rio de Janeiro. Filha do compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana iniciou sua carreira nos anos 1960, gravando canções de seu pai e participando de festivais que a consagraram, como o I Festival Internacional da Canção, onde venceu com *Saveiros*. Ao longo das décadas, construiu uma trajetória sofisticada, gravando boleros, reinterpretando clássicos da família Caymmi e colaborando com grandes nomes como Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
Apesar do reconhecimento crítico, o sucesso popular veio em 1998, quando *Resposta ao Tempo* virou tema da minissérie *Hilda Furacão*. Nana também enfrentou desafios pessoais, como um câncer de estômago em 2015 e a distância temporária do pai, além de ver sua música *Vem Morena* substituída na abertura da novela *Tieta*. Mesmo assim, manteve-se ativa, lançando álbuns temáticos e homenagens até 2020. Sua última aparição pública foi no documentário *Dorival Caymmi – Um Homem de Afetos*, onde emocionou ao cantar *Não Tem Solução*.
Nana deixa um legado de interpretações marcantes e uma carreira dedicada à música de qualidade. Em sua última entrevista, aos 80 anos, expressou o desejo de gravar mais composições inéditas, lamentando a falta de novos repertórios à altura. Sua voz, porém, permanece como um marco da cultura brasileira, celebrada por fãs e colegas de profissão.