Em uma reunião realizada na manhã de terça-feira, 20 de maio de 2025, no gabinete do prefeito Leandro Vilela, autoridades municipais e estaduais confirmaram a retomada do Programa Agricultura Urbana, suspenso desde 2021. A reunião, que durou cerca de duas horas, marcou a apresentação oficial do portfólio elaborado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-GO) e devolveu à pauta local uma iniciativa voltada à geração de renda, segurança alimentar e revitalização de áreas ociosas.
O plano, detalhado em um dossiê de 22 páginas distribuído aos presentes, combina cursos de olericultura, jardinagem e paisagismo — cada um com 24 horas de formação prática —, além de módulos de educação ambiental e inclusão social para até 48 participantes por ciclo. O documento sublinha que hortas, pomares e jardins comunitários reduzem ilhas de calor, reforçam laços de vizinhança e criam “circuitos curtos de comercialização” em bairros periféricos.
Como vereadora da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia e vice-presidente do Sindicato Rural, Camila Rosa (União Brasil) destacou a relevância da agricultura urbana, que sustenta direta ou indiretamente cerca de 60 mil moradores de Aparecida. Filha de feirantes, ela enfatizou que a adesão do Executivo ao Programa Agricultura Urbana garante segurança jurídica aos produtores e oferece um incentivo concreto: descontos no ITU para quem transformar terrenos vazios em hortas produtivas. “É uma política que planta comida, colhe dignidade e promove saúde por meio da segurança alimentar”, afirmou. Camila também prometeu articular emendas para ampliar a verba do projeto, reforçando seu compromisso com a iniciativa.
O presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, comemorou nas redes sociais o “reencontro do campo com a cidade” e anunciou capacitações gratuitas já para o próximo mês. “Vamos plantar ainda mais oportunidades”, escreveu, logo após posar ao lado do prefeito e de lideranças locais. Ao seu lado, o superintendente do Senar-GO, Dirceu Borges, e o coordenador regional Saúdio Vieira confirmaram que instrutores percorrerão escolas, Centros de Referência em Assistência Social e lotes baldios cedidos pela prefeitura.
A mesa incluiu ainda o economista Euler Morais, representante da Vice-Governadoria, e o médico-veterinário Aires Manoel de Souza, que preside o Sindicato Rural de Goiânia, Aparecida e Aragoiânia. Ambos enfatizaram a meta de vincular o projeto a compras públicas da merenda escolar.
Da esfera acadêmica participaram o professor Eduardo de Carvalho Rezende, diretor-geral do IFG/Aparecida, e Júlio César Valandro Soares, que dirige a Faculdade de Ciências e Tecnologia da UFG no município, interessados em converter hortas didáticas em laboratórios vivos para alunos de engenharia e agronomia.
Entidades da sociedade civil também firmaram compromisso: Valons Mota, da Cooperativa Coomag, ofertou logística de distribuição; o jornalista Rafael Freitas, do Instituto Plantadores de Água, prometeu mutirões de plantio em nascentes urbanas.
Secretários de primeiro escalão reforçaram o caráter transversal da iniciativa. Pollyana Oliveira Borges (Meio Ambiente), Wolney “Wanguinho” Siqueira Junior (Desenvolvimento Urbano) e Andrey Azeredo (Planejamento e Regulação Urbana) tratarão da cessão de áreas e licenças; Carlos Eduardo de Paula Rodrigues (Fazenda) disse estudar incentivos fiscais para hortas comunitárias; Professora Núbia Farias (Educação) confirmou que escolas municipais receberão estufas-piloto. A superintendência de assistência social, representada por Kezia Macedo, pretende priorizar famílias em extrema vulnerabilidade.
Em postagem, o prefeito Leandro Vilela agradeceu a parceria “que abre portas para capacitação, oportunidades e novos caminhos para o nosso povo”. Ele afirmou que o primeiro canteiro modelo, com 500 m², será instalado até agosto no setor Garavelo, em terreno municipal desapropriado há quatro anos.
O cronograma prevê, até dezembro, três turmas de formação profissional, a implantação de cinco hortas-escola e a criação de um banco de sementes regionais. Se cumprir a meta, Aparecida de Goiânia se juntará a cidades como Rosario (Argentina) e Detroit (Estados Unidos) no mapa de casos de sucesso de agricultura urbana de médio porte.
“Quando a cidade aprende a plantar, ela planta cidadania”, resumiu Camila Rosa, sob aplausos.
Com orçamento inicial de R$ 2,8 milhões — metade municipal, metade do Senar —, o programa nasce como vitrine da nova gestão e teste de convergência entre câmaras legislativas, academia e organizações populares. Enquanto máquinas já limpam o primeiro terreno, a vereadora promete fiscalizar cada metro quadrado: “Não é só plantar, é colher dignidade.”