A indústria calçadista brasileira, especialmente em polos como Franca (SP), vê oportunidades na guerra comercial entre EUA e China, impulsionada pelo retorno de Donald Trump à presidência americana. Com a desvalorização do real e o aumento de tarifas para produtos asiáticos, as exportações do setor cresceram 14% no primeiro trimestre de 2025, alcançando US$ 64 milhões. A expectativa é ampliar a participação no mercado norte-americano, onde o calçado brasileiro se tornou mais competitivo devido a taxações menores em comparação aos concorrentes asiáticos.
No entanto, o setor enfrenta desafios significativos. A capacidade produtiva limitada, a escassez de mão de obra e a possível invasão de calçados chineses no mercado interno preocupam os empresários. Embora medidas como o antidumping contra a China ajudem a conter importações, países como Vietnã e Indonésia aumentaram suas vendas para o Brasil em até 47%. Além disso, a indústria nacional não está preparada para atender toda a demanda potencial gerada pela guerra tarifária, o que pode limitar os ganhos com as exportações.
Para enfrentar esses obstáculos, as empresas estão adotando estratégias como participação em feiras internacionais, vendas online e valorização do artesanato local. A diversificação de canais e o foco em produtos de alto valor agregado são vistos como formas de consolidar o mercado interno e expandir as exportações. Apesar do otimismo com os primeiros resultados de 2025, o setor reconhece que a concorrência asiática e as limitações estruturais exigem planejamento e investimentos de longo prazo.