Sebastião Salgado, falecido aos 81 anos, teve uma relação profunda com o café desde a infância. Nascido em Aimorés, Minas Gerais, região conhecida pelo cultivo do grão, ele ajudou o pai na produção cafeeira durante a adolescência. Mesmo após se formar em economia e seguir carreira na fotografia, o café permaneceu presente em sua vida, influenciando sua trajetória profissional e artística.
Na década de 1970, Salgado trabalhou na Organização Internacional do Café (OIC), onde viajou pela África para analisar o impacto da produção em países como Angola, Etiópia e Tanzânia. Essas viagens, durante as quais ele começou a fotografar como hobby, foram decisivas para sua transição para a fotografia. Suas imagens em preto e branco, que retratavam trabalhadores e comunidades marginalizadas, tornaram-se marcas de seu trabalho, incluindo projetos como “Trabalhadores” e “Êxodos”, nos quais o café frequentemente aparecia.
Além da fotografia, Salgado dedicou-se à recuperação ambiental. Junto com a esposa, Lélia Wanick, ele reflorestou a antiga Fazenda Bulcão, em Minas Gerais, criando o Instituto Terra. A iniciativa, que já plantou milhões de árvores, inclui o cultivo sustentável de café e outras culturas, mostrando como sua conexão com a terra e o grão permaneceu até o fim da vida.