O governo brasileiro manifestou preocupação com a decisão da Comissão Europeia de classificar o Brasil como risco médio associado ao desmatamento, conforme nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores. A avaliação, parte da lei antidesmatamento do bloco europeu, utiliza critérios retroativos (2015-2020) e foi considerada discricionária pelo Itamaraty. O Brasil destacou a contradição de países com grandes áreas de floresta tropical serem classificados com risco maior do que nações de clima temperado, questionando a metodologia adotada.
A lei europeia, que entra em vigor em 30 de dezembro, restringe a importação de produtos ligados ao desmatamento, como gado, cacau, café e soja, impondo exigências variáveis conforme o risco atribuído a cada país. O Itamaraty afirmou que analisará detalhadamente os critérios e fontes de dados utilizados pela Comissão Europeia, defendendo maior diálogo e cooperação para minimizar os impactos negativos da legislação sobre produtores e exportadores brasileiros.
Em sua nota, o governo brasileiro classificou a medida como unilateral e discriminatória, argumentando que ela ignora os esforços nacionais e multilaterais de preservação florestal e combate às mudanças climáticas. A legislação é vista como um ônus desproporcional para países que praticam agricultura tropical sustentável, como o Brasil, especialmente para pequenos produtores. O país já havia solicitado revisão da norma no ano passado, reiterando a necessidade de consideração às particularidades dos sistemas produtivos de cada nação.