Uma família de artistas mineiros transforma o bordado clássico em arte contemporânea, unindo criatividade e consciência socioambiental. Há 30 anos, o Grupo Matizes Dumont, composto por Demóstenes Dumont Vargas Filho e suas quatro irmãs, retrata paisagens e histórias do Cerrado norte-mineiro em suas obras. Recentemente, uma peça intitulada *Vereda do Galhão*, inspirada na vegetação única das veredas e nos majestosos buritis, ganhou destaque ao ser presentada pelo presidente Lula ao imperador japonês Naruhito.
A obra, que levou oito meses para ser bordada com fios de lã, seda e algodão, representa a importância ecológica das veredas, únicos locais onde os buritis prosperam. Sávia Dumont, uma das artistas responsáveis, destacou a emoção de ter o trabalho escolhido pelo Itamaraty, reforçando a conexão do grupo com a natureza e sua terra natal, Pirapora. Ela explicou que o buriti, conhecido como “árvore da vida” pelos povos originários, é um ecossistema completo, oferecendo abrigo, alimento e recursos medicinais.
Além de celebrar a arte, a obra ressalta a necessidade de preservação do Cerrado, bioma ameaçado pelo desmatamento. A escolha do bordado como presente diplomático não apenas valoriza o trabalho artesanal brasileiro, mas também chama atenção para a riqueza ambiental do país, reforçando a mensagem de conservação por meio da cultura.