Pela primeira vez em sete meses, o Banco do Brasil (BB) teve seu valor de mercado superado pelo Bradesco, refletindo a reação do mercado aos balanços trimestrais das duas instituições. Enquanto o BB teve suas recomendações de investimento rebaixadas por analistas, como BTG Pactual e Citi, devido à incerteza sobre margens financeiras e lucro, o Bradesco recebeu upgrades, impulsionado por resultados acima das expectativas e sinais positivos de sua reestruturação. A diferença também se refletiu nos múltiplos das ações, com o Bradesco ultrapassando 1 vez o valor patrimonial, enquanto o BB recuou.
Apesar de o BB manter um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) superior ao do Bradesco (16,7% contra 14,4%), as expectativas para 2025 pesaram contra o banco público. O BB revisou suas projeções de lucro devido ao impacto das novas regras contábeis, que aumentaram as provisões para inadimplência, especialmente no agronegócio—segmento crucial para o banco. Executivos afirmaram que o ROE deve se estabilizar entre 17% e 18%, descartando retorno aos patamares mais baixos do passado.
A mudança na regulamentação do CMN, que passou a exigir provisões antecipadas para créditos de risco, afetou o BB mais que seus concorrentes, reduzindo sua margem financeira. O banco estima perda de R$ 1 bilhão no primeiro trimestre devido à não contabilização de juros de empréstimos reclassificados como de menor qualidade. Diante disso, o BB planeja propor ao Banco Central um tratamento diferenciado para o crédito rural, visando mitigar os efeitos das novas regras no futuro.