O Banco do Brasil (BBAS3) reportou um lucro líquido recorrente de R$ 7,4 bilhões no primeiro trimestre de 2025, ficando 20% abaixo do consenso de mercado e registrando quedas de 23% trimestral e 20,7% anual. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) recuou para 15,8%, o menor nível desde o terceiro trimestre de 2021. O desempenho foi impactado por três fatores principais: inadimplência persistente no agronegócio, novas regulações que exigiram aumento de provisões para perdas e pressões na margem financeira devido ao cenário de Selic elevada.
Analistas destacaram preocupações com a qualidade dos ativos, especialmente no segmento rural, onde a inadimplência atingiu 3,04%, pressionada por produtores de soja e milho. A implementação da Resolução 4.966 também afetou negativamente a receita de juros (NII), reduzindo-a em cerca de R$ 1 bilhão. Além disso, o índice de cobertura de provisões caiu para 172%, considerado inadequado diante do cenário desafiador. Instituições como JPMorgan e Goldman Sachs projetaram reações negativas no mercado, com ajustes nas expectativas de lucro e ROE para os próximos trimestres.
Diante dos resultados, corretoras como Genial Investimentos e Bradesco BBI rebaixaram suas recomendações para as ações do BB, reduzindo os preços-alvo e sinalizando cautela. O banco revisou seu guidance, deixando projeções em aberto até o segundo trimestre, dependendo da evolução da inadimplência no agronegócio. Embora a forte presença no setor rural seja vista como um diferencial estratégico no longo prazo, o cenário imediato exige atenção aos riscos de deterioração adicional da carteira e à dificuldade de recuperação da margem financeira.