O Rio Grande do Sul enfrenta uma grave carência de delegacias especializadas no atendimento à mulher (DEAMs), com apenas 23 unidades em operação — o equivalente a 4,6% dos 497 municípios gaúchos. Além da escassez de delegacias, muitas não contam com delegadas titulares, sobrecarregando policiais que precisam atender múltiplas cidades. Em algumas regiões, como o Litoral Norte e a Fronteira Oeste, não há nenhuma DEAM, deixando mulheres sem acesso a serviços essenciais de proteção. A situação é agravada pela falta de efetivo policial, com um número menor de agentes hoje do que em 1980, mesmo com o aumento da criminalidade.
A estrutura precária e a pressão sobre os policiais são problemas recorrentes. Algumas delegacias foram transformadas em unidades de Proteção a Grupos Vulneráveis, ampliando ainda mais a demanda. Enquanto a lei exige funcionamento ininterrupto, apenas a capital Porto Alegre cumpre a regra. Relatos indicam que erros no atendimento podem ter consequências graves, incluindo risco de vida para vítimas de violência. A crise na polícia levou a mudanças na liderança, mas a falta de coordenação entre o governo e as delegacias persiste.
Apesar dos desafios, autoridades afirmam que medidas estão sendo tomadas para melhorar o atendimento, especialmente na capital. A nova diretoria reorganizou escalas e implementou sistemas para agilizar registros, mas reconhece que os problemas estruturais exigem soluções mais amplas. Enquanto isso, a DEAM segue sendo, para muitas mulheres, a única porta de entrada em situações de violência, destacando a urgência de fortalecer essas instituições.