O aumento nos custos de medicamentos destinados a hospitais, clínicas e unidades ambulatoriais tem elevado a pressão financeira sobre as distribuidoras do setor. De acordo com um estudo da consultoria Deloitte, encomendado pela Abradimex, as empresas enfrentam margens de lucro reduzidas, desequilíbrio financeiro e alta inadimplência. O principal gasto dessas distribuidoras é a compra dos medicamentos, que representa em média 83% dos custos totais, enquanto os reajustes de preços pela CMED e as estratégias da indústria farmacêutica agravam o cenário.
Outro desafio é o descompasso nos prazos de pagamento: as distribuidoras pagam aos laboratórios em até 42 dias, mas recebem dos hospitais em média em 75 dias, prazo que pode se estender ainda mais. Nos últimos três anos, a margem líquida do setor caiu 48%, e o volume de dívidas a receber aumentou, com a inadimplência no canal hospitalar pressionando ainda mais as operações. O presidente-executivo da Abradimex alerta que, apesar dos prejuízos, as empresas têm mantido o fornecimento para evitar impactos nos pacientes.
A entidade também expressou preocupação com a reforma tributária, que pode afetar incentivos fiscais e reduzir ainda mais a rentabilidade, especialmente em regiões com custos logísticos elevados. O risco de desabastecimento de medicamentos essenciais, principalmente os de alta complexidade, como oncológicos e imunossupressores, pode se tornar iminente caso o cenário não seja revertido. O setor busca soluções para equilibrar as finanças sem comprometer o acesso aos tratamentos.