O número de diagnósticos de autismo tem crescido exponencialmente nas últimas décadas, especialmente em países de língua inglesa e na Europa. Estudos mostram que, no Reino Unido, por exemplo, houve um aumento de oito vezes nos novos casos entre 1998 e 2018. No entanto, especialistas destacam que isso não necessariamente indica um crescimento real no número de pessoas autistas, mas sim uma ampliação dos critérios diagnósticos. A inclusão de condições como a síndrome de Asperger e o transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação (PDD-NOS) no espectro autista contribuiu significativamente para essa mudança estatística.
Outro fator relevante é o maior reconhecimento do autismo em mulheres e adultos, grupos historicamente subdiagnosticados. Meninas e mulheres autistas frequentemente “mascaram” seus traços para se adequarem socialmente, o que levava a diagnósticos equivocados, como ansiedade ou transtorno obsessivo-compulsivo. Já os adultos, especialmente aqueles sem deficiência intelectual, passaram a ser identificados com mais frequência, revelando uma lacuna histórica na detecção do transtorno. Para muitos, o diagnóstico tardio representa uma oportunidade de compreender melhor suas dificuldades e buscar apoio adequado.
Apesar do avanço na conscientização, o tema ainda gera debates. Enquanto alguns celebram a maior visibilidade do autismo, outros alertam para o risco de glamorização do transtorno, especialmente nas redes sociais. Especialistas reforçam que o aumento nos diagnósticos está mais ligado a mudanças culturais e conceituais do que a causas ambientais, descartando teorias sem base científica, como a ligação entre vacinas e autismo. A discussão continua, mas uma coisa é clara: entender o autismo como um espectro diverso é essencial para garantir apoio adequado a todas as pessoas afetadas.