Dados do Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci) mostram um aumento de 40% no atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência em Sorocaba (SP) entre janeiro e abril deste ano, em comparação com o mesmo período de 2023. Do total de 407 casos registrados, 161 envolveram violência sexual, sendo a maioria praticada por familiares dentro do ambiente doméstico. Especialistas destacam a complexidade do trauma, que afeta o desenvolvimento psicológico, emocional e social das vítimas, muitas vezes deixando sequelas duradouras sem intervenção adequada.
O serviço de escuta especializada do Gpaci, implementado em 2021, tem sido fundamental para coletar relatos das vítimas de forma respeitosa e evitar a revitimização. Realizado por uma equipe multidisciplinar, o atendimento utiliza recursos lúdicos, como livros e bonecos, para abordar o tema de maneira menos invasiva. A iniciativa, em parceria com a prefeitura e o Ministério Público, busca garantir proteção social e encaminhamentos adequados, além de reduzir a necessidade de repetição do relato traumático.
O aumento nos números reflete não apenas a gravidade do problema, mas também o fortalecimento da rede de proteção e a maior conscientização sobre a importância de denunciar. Escolas e outras instituições são apontadas como peças-chave na identificação precoce de casos, observando mudanças comportamentais e sinais físicos ou emocionais. Embora a escuta especializada não substitua a terapia, ela é vista como um passo crucial para dar voz às vítimas e orientar ações de proteção, destacando a necessidade de ambientes seguros e acompanhamento profissional.