A Controladoria Geral da União (CGU) identificou descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS, afetando principalmente pessoas em situação de vulnerabilidade, como idosos da zona rural, indígenas, analfabetos e portadores de doenças graves. O relatório aponta que a falta de acesso a canais digitais e a fragilidade dos controles do INSS facilitaram a ação de terceiros, que obtiveram autorizações sem o consentimento dos beneficiários. Em 21 entidades auditadas, todos os entrevistados negaram ter autorizado os descontos, enquanto em outras 7, a taxa de negação variou entre 71% e 99%.
O levantamento mostrou que 97,6% dos 1.273 beneficiários entrevistados não autorizaram os descontos, e 95,9% afirmaram não participar de associações. Há relatos de casos em que os titulares dos benefícios, como pessoas com deficiência ou indígenas analfabetos, não teriam condições de assinar termos de autorização. Além disso, em uma das entidades analisadas, 14 das 15 autorizações apresentadas vinculavam beneficiários a sindicatos localizados em cidades distantes, levantando suspeitas de fraudes.
As autoridades constataram que o esquema aproveitou a dificuldade de acesso aos postos da Previdência Social, aplicando descontos em benefícios como aposentadorias e pensões por morte, em violação às normas do INSS. O relatório destaca a necessidade de reforçar os mecanismos de controle para proteger grupos vulneráveis e evitar irregularidades.