O “Atlas da Amazônia Brasileira”, lançado pela Fundação Heinrich Böll, apresenta 32 artigos que buscam desconstruir estereótipos sobre a região, destacando seus desafios, saberes e potencialidades. Com contribuições de 58 autores, incluindo 19 indígenas, cinco quilombolas e dois ribeirinhos, a publicação visa ampliar o debate sobre justiça climática e territorial, especialmente em um ano marcado pela COP30. O coordenador do projeto ressalta que 75% da população amazônica vive em áreas urbanas, e que é essencial incluir as vozes locais nas discussões sobre desenvolvimento sustentável.
Os últimos anos têm sido críticos para a Amazônia, com recordes de desmatamento, garimpo ilegal e violência. Entre 2019 e 2022, o desmatamento para pastagens e a mineração em terras indígenas aumentaram drasticamente, enquanto o registro de armas na região subiu mais de 1.000%. Em 2022, a Amazônia concentrou mais de 20% dos assassinatos de defensores ambientais no mundo. Além disso, crises climáticas, como secas extremas e incêndios recordes em 2024, agravaram os impactos na saúde pública e na infraestrutura local.
O atlas também aborda a influência do crime organizado na região, que atua no tráfico de drogas, grilagem de terras e exploração ilegal de recursos, muitas vezes em aliança com facções criminosas. Essas atividades ameaçam territórios indígenas e comunidades tradicionais, enquanto a lentidão do Estado dificulta o combate eficaz. Apesar dos desafios, a fundação destaca a mobilização de movimentos sociais e organizações locais, que buscam alternativas sustentáveis e protagonismo nas discussões sobre o futuro da Amazônia.