Associações sem autorização para atuar como financeiras obtiveram decisões judiciais para oferecer crédito a beneficiários do INSS, induzindo-os a assinar termos de associação. Na prática, esses descontos mensais funcionavam como empréstimos não autorizados, gerando indignação entre os aposentados. A CGU identificou 19 municípios brasileiros, a maioria no Nordeste, onde mais de 60% dos aposentados foram afetados por descontos suspeitos, totalizando R$ 126 milhões em cobranças irregulares.
Em Aguiar, na Paraíba, 64% dos aposentados pagavam mensalidades a entidades sob investigação, como a Abapen e a Conafer. Muitas vítimas, como um aposentado que teve R$ 44 descontados por mais de um ano, afirmam não ter autorizado os débitos. Sindicatos locais, como o dos trabalhadores rurais, viraram centros de apoio gratuito, ajudando dezenas de pessoas diariamente a solicitar reembolsos. No entanto, a falta de resposta do INSS tem obrigado famílias a buscar soluções presencialmente.
O problema envolve brechas na legislação e falhas na fiscalização, agravadas por disputas políticas entre o governo atual e o anterior. Enquanto isso, milhões de famílias aguardam a devolução dos valores descontados indevidamente. O Ministério Público investiga 11 entidades acusadas de mover ações coletivas fraudulentas, revelando um esquema que se estende por todo o país.