Desde 14 de maio, esculturas do artista visual Beto Gatti estão espalhadas por pontos turísticos e áreas de grande circulação no Rio de Janeiro. As obras, parte da intervenção urbana “Primórdios Digitais”, retratam primatas com corpos humanos mergulhados em gadgets como celulares e óculos de realidade virtual. Com até 2 metros de altura, as peças buscam provocar reflexão sobre o comportamento obsessivo com a tecnologia e seu impacto nas relações sociais no mundo contemporâneo. As instalações podem ser vistas no Leblon, na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Praça Mauá e no Aeroporto Internacional Galeão, onde uma das esculturas já estava exposta desde 2023.
A intervenção marca a primeira vez que o trabalho de Gatti deixa instituições e galerias para ocupar espaços públicos, ampliando o debate sobre a dualidade entre o real e o digital. O artista utiliza tecnologia avançada em seu processo criativo, mas emprega materiais ancestrais como o bronze, criando um contraste entre o primitivo e o moderno. Segundo ele, a obra é um convite para repensar as conexões humanas em uma era dominada pela “egolândia” digital, onde o tempo e a presença se dissipam.
Beto Gatti, de 39 anos, é reconhecido internacionalmente, com obras em acervos como o Museu Nacional de Belas Artes e galerias na Europa e nos EUA. Em 2022, foi o único brasileiro convidado a criar uma escultura exclusiva para a Copa do Mundo no Catar. Sua produção, que explora temas como humanidade e tecnologia, ganhou destaque em feiras como a ArtRio e a Art Basel, consolidando-o como um nome relevante na arte contemporânea. “Primórdios Digitais” reforça sua crítica ao paradoxo de um mundo hiperconectado, mas cada vez mais distante da essência humana.