A série argentina “O Eternauta”, baseada na famosa graphic novel homônima, chegou à Netflix e tem cativado o público. Considerada uma das maiores obras da literatura argentina, a história acompanha um grupo de sobreviventes que enfrenta uma invasão alienígena após uma nevasca mortal. Criada por Héctor Oesterheld e ilustrada por Francisco Solano López, a HQ foi originalmente publicada entre 1957 e 1959, com uma versão mais politizada lançada nos anos 1970. Oesterheld, um dos nomes mais importantes dos quadrinhos e da ficção científica no país, defendia que o verdadeiro herói da trama era o coletivo.
Por trás do sucesso da obra, há uma história marcada pela tragédia. Oesterheld e suas quatro filhas estiveram envolvidos com um grupo de resistência à ditadura argentina nos anos 1970. Entre 1976 e 1977, suas filhas desapareceram, assim como o próprio autor, que foi preso e torturado antes de ser morto em 1978. Seu corpo nunca foi encontrado, e apenas uma de suas filhas pôde ser velada. O caso só foi oficialmente reconhecido em 1985, durante um julgamento que expôs os crimes do regime militar.
A chegada da adaptação à Netflix reacende o interesse por “O Eternauta” e sua relevância cultural, ao mesmo tempo que resgata a memória de seu criador e o contexto histórico em que a obra foi produzida. A série não apenas homenageia uma das maiores criações da ficção argentina, mas também serve como um lembrete do impacto duradouro da arte em meio à opressão política.