A série “O Eternauta”, baseada na histórica graphic novel argentina, estreou na Netflix como uma superprodução que narra a resistência humana a uma invasão alienígena em Buenos Aires. O premiado ator Ricardo Darín, que interpreta o líder Juan Salvo, inicialmente hesitou pelo desafio de entrar no gênero de ficção científica, mas se entusiasmou com a abordagem séria e respeitosa da equipe. A obra, originalmente publicada entre 1957 e 1959, cativou gerações por sua mensagem coletivista: “Ninguém se salva sozinho”. A adaptação também resgata o legado político do roteirista Héctor Oesterheld, perseguido pela ditadura militar argentina.
A produção exigiu cenários apocalípticos, efeitos especiais de alto nível e cenas de ação intensas, representando um marco técnico para a indústria audiovisual argentina. Darín, aos 68 anos, destacou o esforço físico envolvido, incluindo gravações com neve artificial e figurinos pesados. Orgulhoso do resultado, ele afirmou que a série alcança um padrão hollywoodiano, algo inédito no país. A narrativa, além de entreter, reflete sobre a importância da união em tempos de crise, dialogando com questões contemporâneas.
A estreia da série contrasta com o atual cenário de cortes governamentais na cultura, levantando debates sobre o apoio à produção audiovisual argentina, reconhecida internacionalmente. Darín questionou a contradição de um setor valorizado no exterior, mas subestimado internamente. Enquanto isso, o ator segue com outros projetos, incluindo um filme coproduzido com seu filho e uma peça teatral em Madri. “O Eternauta” reforça não apenas o talento local, mas também a relevância de histórias que transcendem gerações.