As principais taxas de câmbio da Argentina, o dólar oficial e o paralelo (blue), convergiram nesta terça-feira, marcando uma reversão significativa após quase seis anos de rígidos controles de capital. O dólar oficial subiu para 1.203 pesos, ultrapassando pela primeira vez a cotação do mercado paralelo, que ficou em 1.180 pesos. A mudança reflete as reformas econômicas do governo atual, que flexibilizou os controles cambiais em vigor desde 2019, permitindo que o peso flutuasse dentro de uma banda ampla entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar.
A medida reduziu a disparidade histórica entre as taxas, que chegou a 200% em anos recentes, e trouxe alívio ao mercado, que temia uma desvalorização abrupta do peso. Analistas destacam que o meio da banda de flutuação representa um equilíbrio inicial positivo, mas a atenção agora se volta para o Banco Central, que precisa acumular reservas internacionais após receber um empréstimo de US$ 12 bilhões do FMI. A expectativa é que as exportações de soja e milho, previstas para maio, ajudem a fortalecer as reservas.
Embora o relaxamento dos controles seja visto como um avanço, persistem dúvidas sobre a capacidade do Banco Central de sustentar a estabilização cambial a longo prazo. Economistas alertam que o próximo mês será crucial para avaliar os fluxos de divisas, especialmente com a entrada de dólares do agronegócio. O mercado aguarda sinais concretos de que o país conseguirá acumular reservas líquidas, um passo essencial para consolidar a confiança na moeda argentina.