O governo da Argentina sinalizou a investidores, em reuniões privadas em Londres, que espera receber um novo desembolso de US$ 2 bilhões do FMI em junho, mesmo sem atingir a meta de recomposição de reservas cambiais acordada no programa. Durante os encontros, autoridades econômicas evitaram confirmar diretamente a liberação dos recursos, mas participantes saíram com a impressão de que o repasse ocorrerá, conforme fontes anônimas. O país deveria acumular US$ 4,4 bilhões em reservas líquidas até junho, mas, após um aporte inicial de US$ 12 bilhões em abril, o Banco Central viu suas reservas caírem.
A atual gestão tem minimizado publicamente a importância dessa meta, argumentando que, em um regime de câmbio flutuante, acumular reservas não é prioritário. Em vez de intervir no mercado oficial, o governo estuda alternativas como emissão de títulos em pesos conversíveis em dólares ou operações de recompra, buscando fortalecer as reservas pela conta de capital. Investidores, no entanto, demonstram cautela, reconhecendo avanços no controle de gastos, mas preocupados com a fragilidade das reservas, essenciais para pagar a dívida externa e proteger o câmbio.
O FMI evitou comentar a liberação dos recursos, mas destacou a importância de fortalecer as reservas e recuperar o acesso da Argentina aos mercados internacionais. O ministro da Economia afirmou que o programa está “funcionando muito bem” e que o país pode se tornar uma referência global nos próximos 20 anos. Este é o 23º programa da Argentina com o FMI, e a dificuldade em cumprir metas de reservas reflete a instabilidade crônica do peso e a desconfiança externa. Caso o repasse seja aprovado, será uma vitória simbólica para o governo, que segue sem entregar um dos objetivos centrais do acordo.