Uma laje de arenito no sudeste da Austrália revelou pegadas fossilizadas que desafiam a cronologia conhecida da evolução dos vertebrados terrestres. Com 356 milhões de anos, as marcas pertencem a um animal de cinco dedos e garras definidas, provavelmente um réptil do grupo dos amniotas — que inclui répteis, aves e mamíferos. A descoberta antecipa em 40 milhões de anos o surgimento desses animais plenamente adaptados à vida em terra firme, sugerindo que a transição da água para o ambiente terrestre ocorreu no hemisfério sul, logo após uma das maiores extinções em massa da história.
As pegadas indicam um animal capaz de sustentar seu peso fora da água, exigindo um sistema muscular, ósseo e respiratório avançado — características que se acreditava surgirem muito mais tarde. A descoberta força os cientistas a repensarem os modelos evolutivos, mostrando que os amniotas já caminhavam com desenvoltura em terra firme antes do estimado. “É preciso rever os modelos da transição aquática para terrestre”, afirmou um dos pesquisadores envolvidos no estudo.
Além de ajustar a linha do tempo evolutiva, a descoberta expande o entendimento sobre a diversificação geográfica desses animais. A presença precoce de répteis adaptados em regiões austrais indica uma expansão mais rápida e ampla do que se imaginava. Com isso, a evolução de sistemas cruciais para a vida terrestre, como o respiratório e o reprodutivo, ganha um novo marco inicial, reescrevendo capítulos fundamentais da história natural.