A Alemanha, outrora símbolo de austeridade fiscal e disciplina orçamentária, está abandonando suas políticas rígidas em favor de um modelo mais flexível. O famoso “freio da dívida”, que limitava o déficit anual a 0,35% do PIB, foi relaxado após negociações entre partidos, permitindo gastos extras em defesa e infraestrutura. Além disso, um fundo de € 500 bilhões foi criado para investimentos, incluindo € 100 bilhões em projetos climáticos, sinalizando uma mudança significativa na postura econômica do país.
A política fiscal alemã, que antes criticava nações como Grécia, Portugal e Espanha por descontrole orçamentário, agora enfrenta pressões internas e externas. A pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia e a redução da demanda chinesa impactaram a economia, levando a debates sobre a necessidade de reinvestir em inovação e defesa. O governo também está sob pressão para aumentar gastos militares para 5% do PIB, seguindo sugestões dos EUA, o que pode elevar a dívida pública para cerca de 100% do PIB em longo prazo.
Essa virada gera implicações para a governança europeia, já que as regras fiscais da UE podem precisar ser ajustadas para acomodar os novos gastos alemães. Especialistas alertam que o foco em suprimentos domésticos de defesa pode fragmentar ainda mais a indústria europeia. A mudança marca o fim de uma era de equilíbrio orçamentário e o início de um período de maior flexibilidade, embora com desafios econômicos e políticos pela frente.