No Rio Grande do Norte, quase 60% das crianças disponíveis para adoção têm mais de 10 anos, um perfil que enfrenta resistência no Brasil, onde apenas 2% das famílias pretendentes aceitam crianças nessa faixa etária. Apesar disso, o número de adoções tardias cresceu 22% em 2024, impulsionado por programas como o Aldeias Infantis SOS Brasil, que atua no estado acolhendo menores em situação de vulnerabilidade. A coordenadora do programa em Caicó, Naara Sena, explica que a prioridade é reintegrar as crianças às famílias de origem, mas, quando isso não é possível, busca-se famílias adotivas dispostas a enfrentar os desafios da adoção tardia.
Histórias como a de Yuri Sacramento, que adotou dois adolescentes, e Margarida Maria dos Santos, que acolheu um jovem de 14 anos, mostram que o amor e a paciência podem transformar vidas. Yuri destaca a importância de oferecer oportunidades a quem já perdeu a esperança de ter uma família, enquanto Margarida relata como a adoção trouxe sentido à sua vida. Ambos enfatizam que a construção de vínculos vai além da idade, baseando-se no respeito e no afeto.
Apesar dos avanços, cerca de 500 famílias ainda aguardam na fila de adoção no RN, muitas delas com preferência por crianças menores. Especialistas e adotantes reforçam a necessidade de conscientização sobre a adoção tardia, destacando que adolescentes também merecem uma chance de recomeçar. Com relatos de superação e laços fortalecidos, essas histórias desafiam estereótipos e inspiram mudanças no cenário da adoção no Brasil.