Especialistas do setor agropecuário brasileiro acreditam que os Estados Unidos e a China chegarão a um acordo para encerrar a guerra comercial, o que pode afetar a demanda chinesa por produtos brasileiros. João Martins, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), afirmou que, embora o cenário ainda seja incerto, uma acomodação entre as duas potências é provável. Ele destacou que o Brasil tem se beneficiado do conflito, com aumento nas exportações de soja e carne para a China, mas alertou para a necessidade de cautela diante de um possível acordo.
Pedro Lupion, da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), expressou preocupação com os impactos negativos que um acordo entre China e EUA poderia trazer ao Brasil, já que ambos são concorrentes diretos do país no mercado agrícola. A senadora Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura, ressaltou que a China está se preparando para o período de tensão comercial, acumulando estoques de produtos agrícolas de diversos fornecedores, incluindo o Brasil. Ela destacou o volume significativo das exportações brasileiras, mas lembrou que a China possui grande capacidade de armazenamento e está utilizando-a estrategicamente.
Martins, da CNA, também chamou atenção para os desafios internos, como o alto custo de empréstimos e a falta de recursos governamentais para programas de subsídios, o que pode pressionar os médios e pequenos produtores. Enquanto isso, as negociações para o próximo Plano Safra (2025/26) estão em andamento, com incertezas sobre como o possível acordo entre EUA e China influenciará o setor. O momento exige planejamento e adaptação por parte do agronegócio brasileiro.