A guerra comercial entre Estados Unidos e China pode chegar a um acordo em breve, o que pode afetar negativamente o agronegócio brasileiro. Atualmente, o Brasil tem se beneficiado com o aumento da demanda chinesa por produtos como soja e carne, devido às tarifas impostas pelos chineses aos EUA. No entanto, especialistas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alertam que um eventual pacto entre as duas maiores economias do mundo poderia reduzir essa vantagem competitiva, deslocando parte das compras chinesas de volta para os EUA.
Durante um evento em São Paulo, João Martins, presidente da CNA, destacou que, embora o cenário ainda seja incerto, é provável que haja uma “acomodação” entre os países. Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da entidade, reforçou que um acordo de compras entre China e EUA poderia distorcer o mercado, privilegiando relações não baseadas em eficiência. Ela ressaltou que o Brasil precisa estar atento para aproveitar as oportunidades atuais, já que sua competitividade e confiabilidade são pontos fortes.
Além disso, o momento de tensão comercial coincide com desafios internos, como o aumento dos custos de empréstimos e a escassez de recursos governamentais para programas de apoio ao setor. Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA, observou que, apesar da melhora nas margens dos produtores em 2025, o financiamento privado será crucial para sustentar investimentos. Enquanto isso, a China continua a estocar produtos agrícolas, diversificando suas importações, o que exige do Brasil estratégias ágeis para manter sua participação no mercado global.