A recente alta expressiva de Wall Street, com o S&P 500 registrando seu maior ganho diário desde 2008, foi impulsionada mais por fatores técnicos do que por convicção sólida do mercado. O movimento foi marcado por uma forte cobertura de posições vendidas, especialmente após o alívio tarifário anunciado pelo governo dos EUA, e por uma liquidez extremamente baixa, mesmo com volumes de negociação recordes. Analistas destacam que a visibilidade para os investidores permanece limitada, com riscos persistentes de escalada na guerra comercial e tarifas adicionais em setores estratégicos.
O rali foi agravado pela liquidação acelerada de ativos desde o início de abril, levando gestores a recomprar ativos recentemente vendidos, como ações de tecnologia e setores cíclicos. Apesar do otimismo momentâneo, o ambiente segue volátil, com a curva do VIX ainda indicando estresse no mercado. Especialistas alertam que movimentos extremos, como o observado, podem se repetir devido à fragilidade da liquidez e à sensibilidade do mercado a manchetes sobre comércio global.
Embora o pior cenário de uma guerra comercial total tenha sido evitado, a incerteza regulatória continua a pressionar as empresas, com tarifas elevadas sobre importações chinesas representando um desafio persistente. Economistas ajustaram projeções de recessão, mas os impactos nos lucros corporativos já começam a ser precificados, com indicadores de revisões de lucros próximos a mínimas históricas. O nervosismo nos mercados financeiros também se refletiu na desvalorização do dólar e em distorções nos Treasuries, sinalizando um cenário de reprecificação de ativos globais.