A Comissão Europeia está considerando incluir créditos de carbono internacionais em sua próxima meta climática para 2040, que prevê reduzir as emissões em 90%. A medida, ainda em discussão, permitiria que países do bloco compensassem parte de suas emissões adquirindo créditos de projetos no exterior, como reflorestamento no Brasil. No entanto, a proposta enfrenta resistência de alguns membros da UE e parlamentares, que argumentam que isso poderia enfraquecer os esforços domésticos de redução de CO2 e prejudicar a credibilidade da meta.
A discussão ocorre em um contexto de pressões políticas, com a agenda verde da UE competindo com outras prioridades, como defesa e competitividade industrial. A Comissão já perdeu o prazo para anunciar a meta e busca flexibilizar as regras, diante das preocupações de que as indústrias locais estejam em desvantagem frente a importações baratas e tarifas de outros países. Enquanto isso, o comissário climático Wopke Hoekstra mantém o corte de 90% como ponto de partida, mas admite a necessidade de “pragmatismo” nas negociações.
Críticos alertam para os riscos associados aos créditos internacionais, citando escândalos passados envolvendo fraudes e falta de integridade ambiental. A UE baniu esses créditos de seu mercado em 2013, após uma queda nos preços do carbono devido ao excesso de oferta. Especialistas defendem cautela, destacando que a medida pode minar a ambição climática do bloco se não for acompanhada de garantias robustas. A decisão final dependerá da aprovação dos países membros e do Parlamento Europeu.