Um ano após as enchentes históricas que deixaram 184 mortos e 25 desaparecidos no Rio Grande do Sul, especialistas apontam que a catástrofe poderia ter sido menos devastadora se o sistema de proteção contra cheias, especialmente na região metropolitana de Porto Alegre, tivesse funcionado adequadamente. Falhas na manutenção, estruturas deficientes e a ausência de barreiras em áreas vulneráveis agravaram a situação. Apesar dos R$ 6,5 bilhões disponíveis no Fundo de Apoio à Infraestrutura para Recuperação (Firece), as obras ainda não começaram devido à necessidade de atualização dos projetos, que precisam ser ajustados após as inundações sem precedentes.
O impasse sobre quem executaria as obras—municípios ou governo estadual—foi resolvido com a decisão de centralizar a gestão no estado, a pedido do governador. Entre as prioridades estão a construção de um dique em Eldorado do Sul, uma das cidades mais atingidas, e intervenções na bacia do Arroio Feijó. O governador afirmou que os projetos precisam ser revisados para resistir a eventos climáticos extremos, mas não há prazo definido para a conclusão dessa etapa.
Enquanto isso, prefeitos de cidades afetadas, como Porto Alegre e Canoas, cobram agilidade na liberação dos recursos. Em Porto Alegre, projetos no valor de R$ 700 milhões aguardam autorização, enquanto em Canoas, onde dois diques romperam, o prefeito destacou a urgência de evitar que os recursos fiquem parados. A demora na atualização dos projetos mantém milhões de pessoas em risco, sem garantia de que as obras serão concluídas antes de novas chuvas intensas.