Um ano depois da maior enchente da história do Rio Grande do Sul, que deixou 184 mortos e 25 desaparecidos, Porto Alegre e cidades vizinhas ainda carregam as marcas da devastação, mas também revelam sinais de recuperação. Pontos turísticos como o Mercado Público, a Praça da Alfândega e os estádios Beira-Rio e Arena do Grêmio, que ficaram submersos, foram reabertos após meses de obras. O Aeroporto Salgado Filho e a Estação Rodoviária também retomaram as operações, enquanto o Cais Mauá, onde o nível do Guaíba atingiu 5,37 metros, recebeu nova régua para medição.
A solidariedade foi um dos pilares da reconstrução, com locais como o ginásio Gigantinho servindo como centro de doações. Bairros como o Mathias Velho, em Canoas, enfrentaram desafios extremos, com lama cobrindo ruas e casas. A região do 4º Distrito, revitalizada nos últimos anos, também foi duramente atingida, mas aos poucos retoma suas atividades. A Feira do Livro na Praça da Alfândega, realizada em novembro, simbolizou a resistência cultural, com aumento de 14% nas vendas em relação ao ano anterior.
Apesar dos avanços, o legado da tragédia ainda é visível. Bota-esperas, como o do Sarandi, armazenaram toneladas de resíduos, e o corredor humanitário, criado para facilitar o acesso durante a crise, agora passa por reformas. A Casa de Cultura Mario Quintana e o Laçador, ícones da cidade, reabriram, mas a paisagem modificada serve como lembrete da força da natureza e da capacidade de reinvenção da comunidade.