As tarifas anunciadas pelo governo Trump, apresentadas como medidas recíprocas para equilibrar o comércio internacional, foram calculadas com base em uma metodologia simplificada e questionável. Em vez de considerar apenas as tarifas cobradas por outros países, a administração americana usou uma fórmula que divide o déficit comercial bilateral pelas exportações do país para os EUA, multiplicando o resultado por 0,5. Esse método ignora fatores complexos, como barreiras não tarifárias e subsídios, e pode ter consequências amplas para parceiros comerciais e empresas estrangeiras que abastecem o mercado americano.
Analistas destacam que as tarifas não refletem necessariamente as taxas médias da Organização Mundial do Comércio (OMC), conhecidas como Nação Mais Favorecida (NMF), que variam por setor e são negociadas entre os membros. O governo Trump, no entanto, ajustou arbitrariamente esses valores, citando barreiras não comerciais, como regulamentações alfandegárias e subsídios estatais. Países como Vietnã, China e Índia foram alvos de aumentos significativos, gerando críticas por falta de transparência e justificativa econômica clara.
Embora a Casa Branca defenda as tarifas como solução para déficits comerciais e fonte de receita, economistas alertam para os riscos de retalições em cadeia. Déficits bilaterais, por si só, não indicam prejuízo econômico, mas sim dinâmicas de consumo e produção. Se os parceiros comerciais responderem com medidas semelhantes, os EUA podem enfrentar isolamento em um cenário global já fragilizado, com impactos negativos para a economia americana e internacional.