Há quatro décadas, praticantes de religiões de matriz africana se reúnem no Sábado de Aleluia para lavar a escadaria da Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Conceição, em Campinas (SP). O ritual, que atraiu cerca de 5 mil pessoas neste ano, homenageia os ancestrais Bantus, etnia da maioria dos negros escravizados trazidos ao Brasil, e também celebra Nossa Senhora da Conceição. A cerimônia simboliza resistência cultural e combate ao racismo e à intolerância religiosa, unindo fiéis de diferentes crenças de origem africana.
O evento começa com um cortejo pela Rua 13 de Maio, seguido pela lavagem dos degraus com água de cheiro e vassouras, gesto que representa energia e respeito aos ancestrais. Mãe Dango, uma das fundadoras, destaca que a celebração reforça a identidade africana compartilhada por todos, independentemente de diferenças religiosas. Além dos praticantes, o ritual atrai espectadores que valorizam a cultura afro-brasileira e a união promovida pelo ato.
Participantes como a pedagoga Renata Daniel e o assessor Giovani da Silva enfatizam a importância da festa como expressão de axé (força espiritual) e resistência cultural. A aposentada Ana Palmira e a espectadora Isa Dantas elogiam a pureza e a beleza da tradição, que, apesar de anual, deixa um legado de fé e inclusão. A lavagem da escadaria consolida-se como um marco de diversidade e herança africana em Campinas.