Uma semana após um terremoto de magnitude 7,7 atingir o sudeste asiático, Mianmar enfrenta dificuldades para resgatar vítimas e reconstruir as áreas afetadas, especialmente em Mandalay, a segunda maior cidade do país. O Acnur (Alto Comissariado para Refugiados da ONU) já possuía estoques de suprimentos para atender 25.000 pessoas devido aos conflitos armados pré-existentes, mas agora a organização lida com a escassez de recursos e a crescente demanda humanitária. Além disso, a redução global de financiamento para ajuda humanitária e a instabilidade política no país, governado por uma junta militar desde 2021, complicam os esforços de recuperação.
O terremoto, que ocorreu em 28 de março, causou mais de 3.000 mortes e destruiu 40% de Mandalay, além de danificar infraestruturas críticas, como o aeroporto local. Apesar da distância do epicentro, cidades como Yangon também sentiram os tremores, embora sem danos significativos. A população local, já afetada por conflitos armados e deslocamentos internos, agora enfrenta o medo de réplicas e a falta de abrigo seguro, agravada pelas temperaturas extremas de abril, que chegam a 40°C.
O porta-voz do Acnur destacou que a crise em Mianmar é amplificada pela combinação de desastres naturais, conflitos prolongados e diminuição de recursos internacionais. Com 20 milhões de pessoas dependendo de ajuda humanitária em um país de 54 milhões, a reconstrução e a estabilidade parecem distantes. A limitação do acesso à internet e o controle governamental sobre a mídia dificultam ainda mais a divulgação de informações precisas e a coordenação de auxílio, deixando o futuro do país incerto.