O presidente do Paraguai expressou preocupação com a espionagem conduzida por uma agência de inteligência brasileira contra autoridades paraguaias, afirmando que o episódio reabre feridas históricas e compromete a confiança entre os países do Mercosul. Em entrevista a uma rádio argentina, ele mencionou a Guerra da Tríplice Aliança (1864–1870) como um marco traumático nas relações bilaterais e lamentou que o caso tenha reacendido ressentimentos que se acreditavam superados. As declarações foram motivadas por uma reportagem que revelou operações de hackers durante um governo anterior no Brasil, visando informações confidenciais sobre negociações da usina de Itaipu.
O governo brasileiro confirmou a existência da operação, mas destacou que ela ocorreu exclusivamente na gestão passada e foi suspensa imediatamente pela administração atual. Em resposta, o Paraguai suspendeu as negociações sobre Itaipu até que o caso seja esclarecido, além de convocar seu embaixador no Brasil e entregar uma nota diplomática. Medidas internas também foram adotadas, incluindo investigações sobre segurança cibernética no país.
O presidente paraguaio comparou a situação a ataques cibernéticos de outras nações, expressando surpresa e decepção por ter como autor um “país irmão”. Ele reforçou a necessidade de transparência e diálogo para restaurar a confiança bilateral, enquanto o Paraguai busca fortalecer sua segurança com apoio internacional. O episódio coloca em xeque a cooperação regional e ressalta desafios diplomáticos persistentes no Mercosul.