O presidente do Paraguai, Santiago Peña, revelou que as negociações sobre as tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu, em janeiro de 2024, foram marcadas por tensões. Em entrevista a uma rádio paraguaia, ele descreveu a reunião com o presidente brasileiro como “muito dura” e afirmou que o Brasil “escutou verdades” que, segundo ele, nunca haviam sido ditas antes. Peña mencionou que saiu do encontro “quase batendo a porta” e que a firmeza de sua postura teria sido crucial para garantir um acordo mais favorável ao Paraguai em maio.
A crise diplomática entre os dois países se agravou após revelações de suposta espionagem por parte de agências brasileiras durante as negociações tarifárias. O Paraguai convocou seu embaixador no Brasil para consultas, suspendeu as tratativas do Anexo C do tratado de Itaipu e exigiu explicações detalhadas. O Itamaraty afirmou que a operação de inteligência havia sido autorizada em 2022, mas cancelada em 2023, assim que a atual gestão tomou conhecimento. O governo paraguaio, no entanto, enxerga o caso como uma intromissão em sua soberania.
Peña destacou a necessidade de defender os interesses nacionais “ao custo que for” e citou históricas assimetrias nas relações do Paraguai com países vizinhos. Embora não tenha conversado diretamente com o presidente brasileiro sobre o recente impasse, o líder paraguaio reforçou a importância de agir com “ousadia e coragem” para garantir o desenvolvimento do país. O episódio expõe desafios na relação bilateral, com repercussões diretas no futuro das negociações energéticas.